Raymond Franz - Biografia e Obras

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Raymond Franz nas publicações da Torre de Vigia - Parte 5

Experiências de seu serviço de tempo integral, constantes em Anuários das Testemunhas de Jeová.





O Anuário das Testemunhas de Jeová de 1973 abordou a história da obra das testemunhas de Jeová na República Dominicana. Raymond Franz serviu naquele país como missionário, superintendente de circuito e superintendente de filial. A seguir, são citadas suas experiências naquele país.

Anuário das Testemunhas de Jeová de 1973, páginas 152 – 153:



BREVE PAUSA — E ENTÃO MAIS NUVENS
Em 16 de junho de 1954, Trujillo assinou uma concordata com Roma, prometendo tratamento especial para o clero católico-romano. Em 1955, tornou-se “Padre de la Patria Nueva” e foi celebrada em Cidade Trujillo a Exposição da Paz e da Confraternidade do Mundo Livre. Neste “mundo livre” a proscrição já estava em vigor por cinco anos. Como indicado no Anuário das Testemunhas de Jeová de 1956 (em inglês), a maioria dos publicadores jamais vira uma revista A Sentinela nem um Informante (agora Ministério do Reino) originais. Muitos jamais haviam oferecido publicações de porta em porta. O publicador mediano jamais comparecera a uma reunião pública nem a uma assembléia. Não cantara nem conhecia os cânticos do Reino, mas tinha o espírito de Jeová, o que era e ainda é o segredo de sua força.
Raymond Franz, missionário de Porto Rico, foi solicitado a apresentar então pessoalmente uma petição ao Ditador Trujillo, pedindo a remoção da proscrição. Estabelecendo contato com os irmãos, foi aconselhado que a melhor forma de ver Trujillo era enviar um telegrama solicitando uma audiência. “Respeitosamente solicito privilégio de breve audiência de Vossa Excelência. Educador estadunidense numa excursão de 11.000 quilômetros. Tenho informações de grande importância para o Senhor e seu país.” Este foi o texto do telegrama enviado e aqui se acha o relato do irmão Franz sobre o que aconteceu:
“No dia seguinte, uma mensagem telefônica no hotel me avisou a estar no Palácio Nacional às oito horas da manhã seguinte. Nessa manhã, fui até os portões do Palácio e, depois de esperar enquanto uma banda tocava o Hino Nacional, com todo o pessoal do governo de pé, nos muitos balcões do Palácio, permitiram-me passar pela guarita da sentinela, no portão, e subir os muitos degraus amplos da escada que conduz ao Palácio.
“Depois de ser colocado em diferentes salas de espera sozinho, por um período de quase uma hora, e então conversar brevemente com um general dominicano, fui conduzido por um corredor, passando por uma sala em que havia quatro oficiais, daí, me fizeram sinal para que atravessasse uma passagem bem estreita que dava para uma ampla sala. Apenas ao chegar na ampla sala é que vi o ditador em pé, ao lado de uma grande mesa. Dificilmente esperava chegar até ele com tanta facilidade.
“Depois de trocarmos saudações e de tecer alguns comentários favoráveis sobre o país, expliquei em espanhol a minha missão: representar uma organização internacional, como seu emissário, para lhe apresentar uma petição. Primeiro lhe entreguei uma carta de apresentação, e daí lhe entreguei a petição. Trujillo não disse nada depois da saudação inicial, dando a impressão de estar nervoso devido a não saber o que esperar. Começou a ler a petição, mas, logo depois, parou e simplesmente olhou para mim. Eu lhe disse então que era o desejo de nossa Sociedade transmitir-lhe nosso pesar de que a nossa fosse a única organização religiosa proscrita no país e que as testemunhas de Jeová eram conhecidas em todo mundo como cidadãos pacíficos, respeitosos e trabalhadores. Esta foi a primeira vez que o nome ‘testemunhas de Jeová’ foi mencionado e, evidentemente, ele não vira o nome ainda na petição. Então ‘explodiu’, dizendo que as Testemunhas recusavam o serviço militar, e não saudavam o emblema nacional. Eu indiquei que a petição explicava a razão disso, e que não estavam envolvidos motivos políticos, apenas questões de religião e consciência. Depois de outras breves trocas de palavras, ele ficou em pé, indicando que a audiência terminara. Para minha surpresa, estendeu a mão. Eu a apertei, assegurei-lhe de que estava disposto a responder a quaisquer perguntas que pudesse ter depois de ler a petição, e saí.”
Em 1956, terminou a proscrição.


Anuário das Testemunhas de Jeová de 1973, páginas 156-7:

Na República Dominicana, a obra foi entregue nas mãos de um irmão jovem, com vinte anos de idade, que havia sido batizado há apenas quatro anos antes. Quando Donald Nowills foi designado servo ajudante de congregação, em 1956, foi a primeira vez que ele ouvira falar de tal cargo. Em seguida, foi nomeado servo de congregação. Daí, em março de 1957, foi designado servo de circuito. Durante esse tempo, parecia que ele estava sempre uma congregação na frente das autoridades que procuravam por ele. Em certa ocasião, voltava para o pequeno povoado de Monte Adentro para apanhar alguns de seus pertences. Gabriel Almanzar ofereceu-se de voltar com ele os quatro quilômetros até Salcedo. O irmão Nowills disse que isso não seria necessário, que poderia facilmente encontrar o caminho, e foi sozinho. Nessa mesma tarde, quando o irmão Almanzar foi à cidade, foi facilmente reconhecido, e uma turba se formou em redor dele, o povo gritando: “Uma Testemunha! Ele é uma Testemunha!” Apareceram os guardas e o levaram. Foi o primeiro do grupo da área de Salcedo a ser preso e espancado. Se o irmão Nowills estivesse com ele, teria sem dúvida compartilhado o mesmo tratamento.




Em 30 de maio de 1961, Trujillo foi assassinado e a polícia secreta lançou intensiva busca de todos os implicados. Apenas dois homens conseguiram escapar, ocultando-se até que obtiveram anistia. Vários missionários foram transferidos de Porto Rico para a República Dominicana, inclusive o irmão e a irmã Raymond Franz. O irmão Franz relata: “Embora a obra estivesse agora livre, sendo usados Salões do Reino, as pessoas em geral ainda estavam muito temerosas, reticentes sobre falar conosco na obra de porta em porta. O nome e o retrato de Trujillo ainda apareciam em quase toda casa, as fábricas ainda apresentando lemas enormes, ‘Deus e Trujillo’, ‘Viva Trujillo’ e lemas similares apareciam até mesmo nas pequenas caixinhas de engraxates nas praças públicas.”
Veio então uma crise política. Os membros da família de Trujillo tentaram apoderar-se do poder, mas, sob a pressão da resistência popular, foram obrigados a fugir do país. Houve greves, violência, tiroteios, explosões e os soldados estavam por toda a parte. Pessoas que, poucos meses antes, adoravam Trujillo, agora começaram uma destruição fanática de todas as suas estátuas e quadros. Foram saqueadas as casas e fazendas da família e dos associados de Trujillo. Os exilados políticos obtiveram a anistia. Um conselho de estado foi formado para governar o país. Joaquín Balaguer, que tinha sido presidente sob Trujillo, foi nomeado presidente do conselho. Depois de várias pessoas serem metralhadas, uma junta militar apossou-se do poder. Balaguer procurou asilo no gabinete do núncio papal e obteve um salvo-conduto para Porto Rico. O chefe do Exército, Echavarría, foi enviado ao exílio, debaixo de uma tempestade de protestos por parte daqueles que achavam que deveria ter sido julgado por assassinatos políticos.
Naqueles dias de tumulto e confusão políticos, o espírito de Jeová continuou a estar com os fiéis, de modo que, por volta do fim do ano de serviço, trinta e três pessoas serviam como pioneiros especiais. Foi nesse mesmo ano que o irmão Nowills teve o privilégio de cursar por dez meses a Escola de Gileade, em Brooklyn, Nova Iorque. Com certa formação na obra duma filial, obtida no período da proscrição, apreciou a oportunidade de estudar na sede da Sociedade e cresceu em estatura espiritual. Voltou em dezembro e, por meio de suas visitas às congregações, ajudou muito em estabilizar a obra.


Anuário das Testemunhas de Jeová de 1973, páginas, páginas 159 – 162:

PROSPERIDADE EM TEMPOS ATRIBULADOS
O irmão Knorr visitou a República Dominicana em abril de 1962, provendo o estímulo necessário para incrementada atividade. Ao passo que a obra ia muito bem, isto se devia principalmente à continuação do trabalho de estudos bíblicos domiciliares que fora a atividade destacada durante a proscrição. Era agora desejável mais trabalho de casa em casa. Foi formado outro circuito e instruiu-se aos servos de circuito que dessem especial atenção à obra de casa em casa. As atitudes mudavam rápido. A “fim de malhar o ferro enquanto estivesse quente”, o irmão Knorr aumentou o número concedido de pioneiros especiais para 100. O povo de Jeová sentia a urgência dos tempos. As pessoas, por tanto tempo suprimidas, teriam agora oportunidade de ouvir as boas-novas do Reino. Tendo apenas 790 publicadores como média, em 1962, a assistência na Comemoração da morte de Cristo ascendeu a 2.315 pessoas. Era óbvio que havia muito trabalho à frente. Os irmãos Ferrari e Dingman foram designados ao serviço do circuito, em que ambos eram experientes, para ajudar as congregações novas e os pequenos grupos de pioneiros especiais a se organizarem e vincular-se mais de perto à organização. Raymond Franz foi designado servo da filial. Missionários com experiência no México, Bolívia e outros lugares foram transferidos para a República Dominicana, e a construção de um novo prédio da filial e lar missionário se iniciou perto do fim daquele ano.
Com a ajuda de Jeová, a obra continuou a crescer — 1.035, inclusive 75 pioneiros especiais, pregando em média cada mês durante 1963. O ano se iniciou com uma visita mui prestimosa do irmão Bivens, servo de zona designado pelo presidente da Sociedade. O irmão Duffield, com experiência na filial de Cuba, chegou para assumir a responsabilidade da obra, enquanto o irmão Franz fazia o curso de dez meses de treinamento em Gileade. No ínterim, o irmão R. Wallen, do escritório do Presidente, visitou a filial e ajudou a organizar as aulas de leitura e escrita. Aqueles que não sabiam ler se reuniam na última parte da Escola do Ministério teocrático, a fim de serem treinados na leitura, e, assim, poderem edificar sua fé. Depois de se graduar em Gileade, o irmão Franz serviu como servo de zona e, então, continuou como servo de filial na República Dominicana. Dezembro presenciou um aumento de 18 por cento em publicadores, o total atingindo 1.540. Vinte e oito congregações e mais de vinte e cinco grupos foram visitados regularmente pelos ministros viajantes da Sociedade. A assistência na Comemoração da morte de Cristo em 1964 foi de 4.064. Eram surpreendentes as perspectivas de crescimento.
No campo político, durante este mesmo período de tempo, predominava a anarquia. Em dezembro de 1962, Juan Bosch foi eleito presidente. Logo depois foi derrubado e substituído por uma junta militar que governou de 1963 a 1965. Os impostos e a austeridade instigaram uma revolução popular em abril de 1965. Muitos afirmam que a intervenção estadunidense impediu o êxito daquela revolução. Então, São Domingos se tornou um campo de batalha, à medida que as forças revolucionárias e governamentais se empenhavam na luta pelo poder. Sons de guerra, sons de disparos de fuzis e metralhadoras, e o zunido de aviões bombardeando seus alvos, enchiam o ar. Os serviços de energia elétrica, telefone e os correios, e os transportes públicos, entraram em colapso. Logo se descobriu que o tiroteio amainava entre as 5 e 11 horas, de modo que se usava este período para buscar provisões e para pregar. Arriscavam-se vidas não só para obter as necessidades materiais, mas para comparecer às reuniões. A ilha ficou isolada do resto do mundo, mas não do amor da organização de Jeová. Em 19 de maio, o irmão Knorr enviou um telegrama: “COMO ESTÃO TODOS? QUEIRA RESPONDER POR CABOGRAMA.” Respondeu-se a Brooklyn, tanto por cabograma como por carta, a carta sendo enviada por vias diplomáticas, a única forma de enviar ou de receber correspondência. O escritório do Presidente avisou às famílias de todos os missionários que todos passavam bem, e, assim, evitou-se preocupação desnecessária.
O servo da filial, Raymond Franz, descreve como era a vida no meio duma revolução: “A capital era o centro do conflito. Dormíamos no chão durante meses, devido ao perigo de se dormir ao nível das janelas. Contudo, bem poucas balas atingiram as instalações da filial. A eletricidade na capital foi cortada quase que de imediato, o que significou que não podíamos usar nosso fogão elétrico nem nosso refrigerador, nem contar com a bomba elétrica para levar a água até o segundo andar do prédio. Construí alguns fogões a carvão, utilizando umas grandes latas. De noite, líamos à luz das velas (mais tarde modernizando um pouco as coisas por obter lamparinas de querosene), mas, visto que era considerável a tensão sobre os olhos, e o tiroteio sempre piorava à noite, depois de um pouco de estudo os missionários amiúde jogavam xadrez chinês ou outros jogos para tirar a mente da luta do lado de fora e para aliviar um pouco a tensão. Depois de algum tempo, nos acostumamos de modo que o tiroteio não nos impedia de dormir mais ou menos normalmente. Amiúde, ao meio-dia, irrompia certo tiroteio enquanto almoçávamos, e escorregávamos para o chão, mudando os pratos para as cadeiras, e continuávamos a comer. Verifiquei que passar por tais experiências fazia com que nós, os missionários, apreciássemos mais uns aos outros. O mesmo, também, se dava com todos os irmãos. Vê-los chegar às reuniões (agora realizadas em pequenos grupos) em face de obstáculos e riscos, faziam-nos parecer ainda mais preciosos.”
Na cidade, a anarquia e a desordem prevaleciam. Surgiram questões que puseram à prova a consciência cristã. Era preciso manter a neutralidade. A opressão e as injustiças poderiam influenciar a pessoa a inclinar-se para um lado ou para o outro. Era tempo de lembrar-se de que ambos os lados eram parte deste sistema de coisas, e que ambos tinham a desaprovação de Jeová. Os fuzileiros estadunidenses ocupavam certas casas, ou colocavam metralhadoras nos telhados ou nas sacadas. Pelo menos um irmão teve de dirigir-se às autoridades estadunidenses a fim de solicitar que removessem os fuzileiros e suas armas de sua propriedade. Aproveitando-se da ausência da lei, os pobres se apossavam de terrenos vazios e construíam casas ali. E fariam isso os nossos irmãos cristãos? Depósitos parcialmente incendiados eram abertos pelos revolucionários e se permitia que as pessoas os pilhassem, até mesmo encorajando-as a fazer isso. A prova estava em vigor. Juntar-se-iam os irmãos às outras pessoas em fazer isso? Até que ponto seriam guiados pela neutralidade cristã?
Logo a capital foi dividida em três setores. O exército dominicano controlava o norte e o oeste; os Fuzileiros Navais dos Estados Unidos controlavam um corredor que continha a filial; e o setor sul, inclusive a principal zona comercial, o cais e o correio, estava nas mãos dos revolucionários. Devido à reconhecida neutralidade das Testemunhas, o irmão Franz tinha permissão de ir de uma seção para a outra sem ser incomodado. Realizavam-se assembléias de circuito fora da cidade, sendo feitos arranjos especiais para que os irmãos da cidade voltassem a suas casas antes do toque de recolher.
Comenta Raymond Franz: “Assim, ao passo que a guerra trouxe durezas e perigos, em especial de natureza espiritual, todos achamos que aprendemos muito dela e apreciamos ainda mais a retidão da Palavra de Deus e a sabedoria de se seguirem os seus princípios. Sentimo-nos enriquecidos pela experiência e com fortes vínculos de amor por aqueles que passaram conosco por tais experiências, em fidelidade.”
O irmão Franz foi convidado a trabalhar na sede de Brooklyn da Sociedade, de modo que foram feitos arranjos para que o irmão Keith Stebbins, que servia como servo de filial no Havaí EUA, e que acabara de fazer o curso de dez meses de Gileade, viesse para a República Dominicana, aprendesse espanhol e continuasse como servo da filial. O irmão e a irmã Stebbins chegaram em 11 de junho de 1965, e, alguns meses depois, missionárias experientes, as irmãs Juryne Schock e Edith White, foram trazidas da Jamaica. Fez-se também esforço de ensinar inglês a alguns dominicanos, de modo a prepará-los como possíveis candidatos para treinamento em Gileade.


No Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, que relata a obra da Torre de Vigia nos Estados Unidos, há uma experiência pela qual Raymond Franz passou ainda quando era um jovem pioneiro nos difíceis anos 40.

Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, páginas 186-188:

FÚRIA EM CONNERSVILLE
Destacados entre os atos violentos eram os incidente ocorridos em 1940 em Connersville, Indiana. Certas mulheres cristãs que foram julgadas ali foram acusadas falsamente de “conspiração turbulenta”. Quando o irmão Rainbow, servo de zona, e Victor e Mildred Schmidt saíam do tribunal no primeiro dia de julgamento, cerca de vinte homens investiram contra seu carro, ameaçaram-nos de morte e tentaram virar o veículo.

No último dia do julgamento, o promotor público usou o seu tempo de argumentação mais para incitar um motim, às vezes falando de forma direta para os homens armados no prédio. Por volta das 21 horas veio o veredicto: “Culpados.” Então, irrompeu uma tempestade de violência. A irmã Schmidt afirma que ela e seu marido Victor, que era um dos advogados que cuidavam do caso, junto com dois outros irmãos, foram separados das outras Testemunhas e uma turba de duzentas a trezentas pessoas investiu sobre eles. Ela nos conta:
“Quase que de imediato, uma barragem de todos os tipos de frutas, legumes e ovos começou a bombardear-nos. Mais tarde nos disseram que os arruaceiros tinham jogado a carga inteira dum caminhão em cima de nós.
“Tentamos correr para nosso carro, mas fomos impedidos e empurrados para a estrada que conduzia para fora da cidade. Então, uma turba correu para cima de nós, ferindo os irmãos e atingindo-me nas costas, provocando o efeito duma chicotada. Já então, uma tempestade tinha irrompido em toda sua fúria. A chuva caía em torrentes e o vento soprava furiosamente. No entanto, a fúria dos elementos era insignificante em comparação com a fúria desta turba endemoninhada. Devido à tempestade, muitos fugiram para seus carros, e dirigiam-nos ao nosso lado, berrando e amaldiçoando-nos e sempre incluindo o nome de Jeová em suas maldições. Oh, como isso doía em nossos ouvidos!
“Mas, apesar da tempestade, parecia como se pelo menos cem homens a pé exercessem pressão sobre nós. Irmãos que lotavam um carro dirigido pela irmã Jacoby (agora irmã Crain) de Springfield, Ohio, tentaram socorrer-nos, mas a turba quase que virou o carro e o chutou e rebentou suas portas. Isto trouxe mais pancadas sobre nós, à medida que os arruaceiros nos puxavam para longe do carro. Os irmãos foram obrigados a ir embora sem nós. Ao sermos empurrados e a tempestade continuar sem diminuir, os arruaceiros continuavam gritando e bradando ‘Joguem-nos no rio! Joguem-nos no rio!’ Este brado incessante semeou o terror em meu coração, e, ao nos aproximarmos da ponte que cruzava o rio, o brado subitamente parou. Logo tínhamos atravessado a ponte. Era como se os anjos de Jeová tivessem cegado a turba quanto a onde estávamos! Pensei eu: ‘Obrigado, Jeová!’
“Então os grandes e troncudos arruaceiros começaram a agredir de novo os irmãos. Quão duro era ver alguém que se ama ser agredido! Cada vez que batiam em Victor, ele cambaleava, mas jamais caiu. Tais golpes eram golpes horrorosos para mim . . .
“Vez após vez, aproximaram-se de mim pelas costas e me deram aquele rápido empurrão como uma chicotada. Por fim separaram-nos dos dois irmãos, e, andamos de braços firmemente dados, Victor disse: ‘Não sofremos tanto quanto Paulo. Não resistimos até ao derramamento de sangue.’ [Compare com Hebreus 12:4.]
“Estava muito escuro e ficava tarde (soube depois que eram por volta das 23 horas). Estávamos além dos limites da cidade e quase exaustos quando, subitamente, um carro parou bem perto de nós. Uma voz familiar disse: ‘Depressa! Entrem!’ Oh, ali estava aquele excelente jovem pioneiro, Ray Franz salvando-nos desta turba violenta! . . .
“Aqui, de novo, sentíamos que os anjos de Jeová tinham cegado o inimigo para não nos ver entrar no carro. Ali, no carro, seguros da turba, estavam os queridos irmãos Rainbow e esposa, e três outros. De alguma forma, esse carrinho teve espaço, para todos nós oito. Todos sentíamos que os anjos de Jeová tinham impedido que o inimigo nos visse entrar no carro. A turba ainda estava violentamente irada conosco, sem nenhum indício de nos livrar. Parecia como se Jeová, com seus braços amorosos, tivesse nos alcançado e nos libertado! Mais tarde soubemos que, depois de os dois irmãos serem retirados de perto de nós, encontraram refúgio numa pilha de feno até que alguns irmãos os encontraram bem cedo de manhã. Um dos irmãos fora gravemente ferido por um objeto atirado nele.
“Chegamos em casa por volta das 2 da madrugada, ensopados e gelados, visto que a tempestade pusera fim a uma onda de calor e trouxera o ar frio. Nossos irmãos e irmãs nos ministraram, até mesmo pensando cinco feridas abertas no rosto de Victor. Quão gratos ficamos de estar sob os cuidados amorosos de nossos queridos irmãos!”
Apesar de tais graves experiências, contudo, Jeová sustenta e fortalece seus servos. “Assim”, observa a irmã Schmidt, “aqui tínhamos sofrido outro tipo de prova, que Jeová misericordiosamente nos ajudara a suportar, e deixar que ‘a perseverança tivesse a sua obra completa’.” — Tia. 1:4



Ao cuidar da filial depois da deportação dos missionários, para o irmão Nowills tudo era novo, tinha de aprender tudo. Apreciou grandemente as visitas do irmão Bivens como servo de zona e de Raymond Franz, para ajudá-lo a resolver os muitos problemas de organização e as dificuldades criadas por pessoas ambiciosas de posições na organização. Gradualmente, a obra ficou melhor organizada. Os irmãos viram como poderia ser feita a obra de casa em casa apesar da proscrição. Em algumas áreas rurais, depois da onda de perseguição aguda, os irmãos não ousaram realizar reuniões. Daí, alguns começaram a estudar juntos em isoladas plantações de café. Por dois anos, estavam seguros de que um servo de circuito não poderia chegar até eles sem ser preso, mas, por fim fez-se uma tentativa. Félix Marte, guiado por outro irmão, entrou na área depois de escurecer. Vinte e uma pessoas compareceram à primeira reunião, todas as quais haviam abandonado a obra devido à perseguição. Na segunda noite, ele se reuniu com outro grupo de trinta pessoas. Na noite seguinte, o irmão Marte e seu companheiro andaram mais de onze quilômetros, às vezes com lama até os joelhos, para reunir-se com outro grupo. Levou três horas para chegar ao local de reunião. Quando dezessete irmãos correram para fora de casa e os abraçaram, eles se esqueceram de quão cansados estavam, e a reunião começou às 22,15 horas. Nesta viagem, o irmão Marte conseguiu ajudar e aconselhar uns sessenta irmãos.


Anuário das Testemunhas de Jeová de 1973, páginas, páginas 158 – 159:

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